terça-feira, 8 de junho de 2010

Escalas Musicais


Bom pessoal, hoje vou falar um pouco sobre escalas musicais, e não poderia começar a falar sobre escalas sem antes dizer o que são escalas.
Uma escala musical é 1) um grupo de notas musicais que derivam, em parte ou no todo, do material escrito de uma composição musical; 2) uma seqüência ordenada de tons pela freqüência vibratória de sons, (normalmente do som de freqüência mais baixa para o de freqüência mais alta), que consiste na manutenção de determinados intervalos entre as suas notas. Em solfejo, as sílabas para representar as notas, de quaisquer escalas, são: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si (Dó). Estas notas, no Mundo Anglo-Saxônico, são representadas pelas equivalentes seguintes letras: C, D, E, F, G, A, B (C), respectivamente, apesar de que, no solfejo, os anglo-saxônicos preferem usar números, substituindo as sílabas anteriormente mencionadas, por 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, embora possam também usar as sílabas em vez dos números. Similarmente, o acidente de sustenido adicionado a uma destas notas, e que adiciona meio tom na altura desta, é representado pelo símbolo "#" na nomenclatura anglo-saxônica; enquanto o "bemol", adicionado a qualquer nota, e que diminui a altura do som da nota em meio tom, é representado pelo símbolo "b" na nomenclatura anglo-saxônica.
A partir da descoberta de artefatos musicais pré-históricos, supõe-se que a primeira escala desenvolvida tenha sido a escala de cinco sons ou pentatônica, o que é confirmado pelo estudo de sociedades antigas encontradas contemporaneamente. Observando-se, no entanto, que a palavra "pentatônica" é, na verdade, substituída no vocabulário musical, pela palavra "pentafônica", uma vez que a primeira (pentatônica), remete à idéia de cinco notas tônicas em uma mesma escala ou tonalidade sonora musical, o que não é a verdade; e a segunda (pentafônica), refere-se, mais claramente, à escala ou tonalidade formada por cinco sons ou notas diferentes. As escalas de 7 notas foram prováveis desenvolvimentos da escala pentatônica e tem-se o registro de sua utilização pelos gregos, apesar de que qualquer tentativa de resgate da sonoridade dessas escalas tratar-se-á de exercício puramente especulativo. A música grega morre junto com o Império Romano, deixando apenas uma nota de rodapé do que seria todo o sistema musical utilizado à época. O fato é que, com o surgimento do cristianismo, houve uma adoção dos ritos judaicos, e essa é a origem do que seria a música ocidental posterior. Na Idade Média, a elaboração de um sistema de escalas (vem do italiano e significa escada) levava em conta, não somente a nota fundamental do modo (fundamentalis), como também a chamada corda de recitação, que era a nota ao redor da qual a melodia se desenvolvia, sendo essa nota a mais utilizada na música. Essas escalas foram chamadas de modos eclesiásticos e compunham-se de quatro: protus, deuterus, tritus e tetrardus.
Esse sistema, chamado modal, não é um sistema totalmente definido; como há variação da corda de recitação entre duas músicas, elas podem estar dentro de um mesmo modo, mas se desenvolvem em direções diferentes, sendo reclassificadas aí, a depender do âmbito em que elas se desenvolveram, como estando no modo plagal ou autêntico. Além disso, a música poderia muito bem gravitar entre os modos, o que dificultaria a classificação exata sobre o modo em que ela está (ou em que modo começou, ou em que modo terminou). Posteriormente, dois modos receberam a preferência dos compositores (o modo chamado jônico, ou tritus plagal, e o chamado eólio, ou protus plagal), sendo estes as origens das escalas diatônicas maior e menor: iniciava-se o período tonal da música. A partir do temperamento da música, ocorrido no séc. XVIII, onde procurava-se dar os mesmos valores proporcionais aos intervalos da escala diatônica, surge uma nova escala, em que todas as notas têm o mesmo valor dentro desta: a escala cromática. Com o segundo período do romantismo musical (romantismo nacionalista), fez-se necessária a incorporação de escalas exóticas nas quais as músicas de muitos países se baseavam. Às escalas ciganas, já conhecidas séculos antes, juntam-se escalas mozárabes, russas, eslavas, etc. Debussy incorpora a escala de tons inteiros, onde se divide a oitava em seis intervalos iguais de um tom, à música. Posteriormente, novas escalas surgiram, com a chamada música micro-tonal, além de incorporações de escalas antigas, como a indiana, que divide a oitava em 22 sons, e a escala nordestina brasileira, mistura dos modos lídio e mixolídio.
Os nomes das notas musicais foram dados pelo monge beneditino italiano Guido d'Arezzo (995-1050), que retirou a primeira sílaba de cada verso de um hino a São João Batista, abaixo:

UT queant laxis
REsonare fibris
MIra gestorum
FAmuli tuorum
SOLve polluti
LAbii reatum
Sancte Ioannes

No século XVII João Batista Doni alterou o UT para Dó, o que facilitou o solfejo.
Bem, agora que já dei uma breve introdução sobre o que é escala, irei, aos poucos, descrever sobre as escalas existentes, começando pela escala árabe, que é uma maneira de organização melódica, formada por notas bem semelhantes à formação da escala diatônica ( maior e menor) . A escala árabe pode ser entendida também com maior ou menor . A escala árabe maior apresenta um alteração de um semiton abaixo no segundo grau e no sexto grau de sua escala . Ex: do - reb - mi - fa - sol - lab - si - do .
I IIb III IV V VIb VII VIII
(Podemos afirmar que a escala árabe maior, é uma escala diatônica maior com o II grau e o VI grau abaixados ) .
A escala árabe menor é semelhante à uma escala diatônca menor harmônica, com uma diferença do IV que é aumentado Ex: lá - si - do - re# - mi - fa- sol# - lá
I II III IV# V VI VII VIII.

Temos também a escala hexafônica, que é uma maneira de organização melódica, formada por seis notas musicais, que não possui um formato absoluto de distribuição intervalar. Sua forma mais comum é a escala de tons inteiros, formada somente por intervalos de um tom entre as notas. A escala de tons inteiros forma-se, estabelecendo uma tônica e, sobre esta, mais cinco notas, respeitando o intervalo de um tom entre elas. Por exemplo:
1. Partindo da tonalidade de dó maior:
dó - ré - mi - fá# - sol# - lá#
2. Partindo da tonalidade de sol:
sol - lá - si - dó# - ré# - mi#
Podem ocorrer, pouco comuns, outras formas de organização com seis notas, que, não tendo um padrão definido, ficam a critério do compositor. A título ilustrativo, damos algumas possibilidades:
1. Excluir a dominante (causa um efeito de menor tensão)
dó - ré - mi - fá - lá - si
2. Aleatório
sol - lá - si - dó - ré# - fá#

Temos também a escala menor que em teoria musical, é uma escala diatônica cujo terceiro grau (chamado mediante) está a um intervalo de terça menor (um tom e um semitom) acima da tônica. Ainda que alguns modos gregos antigos, como o modo dórico e o modo frígio possuam terças menores relativas à tônica, modernamente os músicos se referem a três tipos de escalas menores: a escala menor natural, a escala menor harmônica e a escala menor melódica, cada qual com uma distribuição específica dos intervalos restantes.
A escala menor natural corresponde ao modo eólio antigo. Caracteriza-se pelo intervalo de um semitom entre o 2º e o 3º grau e também entre o 5º e 6º grau: 1tom, 2semitom, 3tom, 4tom, 5semitom, 6tom, 7tom
A Escala menor natural pode ser formada a partir da sexta nota de uma escala maior:
por exemplo, tomando a escala maior de dó:
dó re mi fa sol la si do
podemos formar a escala menor natural de lá:
lá si dó ré mi fá sol lá
ou ainda tomando a escala maior de Mi bemol:
Mi Bemol, Fá, Sol, Lá Bemol, Si Bemol, Dó, Ré, Mi Bemol
podemos formar a Escala Menor Natural De Dó:
Dó, Ré, Mi Bemol, Fá, Sol, Lá Bemol, Si Bemol, Dó
O mesmo vale para todas as doze escalas maiores ocidentais.
A escala menor harmônica apresenta a mesma estrutura da escala menor natural, exceto pelo 7º grau, que é aumentado em um semitom, construindo-se um intervalo de 2ª aumentada entre o 6º e o 7º grau da escala. exemplo: 1tom, 2semitom, 3tom, 4tom, 5semitom, 6tom e meio, 7semitom.
O sétimo grau se torna sensível, apresentando uma atração tonal maior do que a da escala menor natural. A modificação dá à escala uma sonoridade oriental, e pode-se ouvir sua influência nos acordes meio-diminutos e nos acordes de sétima com nona bemol.
Temos também a escala menor melódica que, além do 7º grau elevado em um semitom, a escala também eleva seu 6º grau em um semitom. Essa alteração é para facilitar o movimento melódico gerado entre o 6º e 7º graus da escala menor harmônica de 2ª aumentada. Sua forma é a seguinte: 1tom, 2semitom, 3tom, 4tom, 5tom, 6tom, 7semitom.
Esta escala é utilizada em duas formas, uma ascendente e outra descendente, e ambas são herdadas da escala menor dita natural.

Bom pessoal, por hoje é só. Mas, em breve estarei postando mais sobre escalas. Abraço a todos e boa noite!

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